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O que é o curativo de colágeno? Como o curativo de colágeno funciona?
Os curativos de colágeno vêm em formatos como folhas, esponjas, plugs, filmes, géis e partículas, que são compostos por diferentes tipos de colágeno geralmente derivados de fontes bovinas, suínas ou equinas. O colágeno é uma das proteínas mais abundantes no corpo dos vertebrados e é um substrato essencial para a adesão e migração celular. Além disso, o colágeno é um ativador importante para a adesão e agregação plaquetária após uma lesão. O curativo de colágeno é eficaz na hemostasia, cicatrização de feridas e regeneração.
Quais tipos de curativos de colágeno são melhores para a cicatrização de feridas?
Existem 28 tipos diferentes de colágeno, que são divididos em oito subfamílias, sendo a maioria dos tipos de colágeno pertencente à subfamília formadora de fibrilas ou fibrilar. Essa subfamília inclui os colágenos tipos I e III, os componentes mais abundantes da matriz extracelular da camada dérmica da pele. Além disso, os colágenos tipos I, II e III são os colágenos fibrilares mais prevalentes. A característica única do colágeno é a presença de uma tripla hélice que pode variar de até 96% (no colágeno tipo I) a menos de 10% (no colágeno tipo XII). Portanto, o colágeno tipo I será a melhor escolha para ser utilizado na cicatrização de feridas com curativo de colágeno.
Ref. 1: Sources of Collagen for Biomaterials in Skin Wound Healing. Bioengineering 2019, 6, 56.
Colágeno Tipo I:
O colágeno tipo I forma uma estrutura com fibras grossas que servem como suporte estrutural em músculos, pele, tendões, vasos sanguíneos, pulmões e coração, além de constituir o material orgânico nos tecidos calcificados, como ossos e dentes. Tanto o colágeno tipo I quanto o tipo III são necessários para a cicatrização de feridas e regeneração tecidual, sendo o colágeno tipo III importante nas fases iniciais e o colágeno tipo I altamente sintetizado nas fases finais.
Colágeno Tipo II:
O colágeno tipo II também é um colágeno fibrilar, sendo o principal componente da cartilagem, é importante para proporcionar resistência à tração no tecido. O colágeno tipo II tem sido usado como biomaterial na regeneração de tecidos ósseos ou cartilaginosos, embora seja menos conhecido por seu efeito na cicatrização de feridas cutâneas.
Colágeno Tipo III:
O colágeno tipo III desempenha um papel dominante na maturação do colágeno tipo I, produzindo fibras finas e menos duráveis com uma rápida renovação. No entanto, ele é menos estável em comparação ao colágeno tipo I. Em mamíferos, as fibras reticulares feitas de colágeno tipo III geralmente são observadas junto ao colágeno tipo I.
Formatos de curativos de colágeno
A preparação do colágeno para uso como biomaterial pode ser dividida em duas abordagens: colágeno insolúvel e solúvel. A principal abordagem nas aplicações de curativos de colágeno é o colágeno insolúvel, que mantém a estrutura biológica e as ligações intermoleculares do colágeno inerente ao corpo humano.
Os curativos de colágeno podem ser formados em suportes tridimensionais no formato de folhas, esponjas, plugs, filmes, géis, partículas, etc.
Em geral, os formatos de curativos de colágeno, como folhas, esponjas, filmes e partículas, podem ser aplicados em várias feridas epidérmicas ou dérmicas, como queimaduras, feridas traumáticas, feridas cirúrgicas, feridas crônicas, etc.
1/ Curativo de folha de colágeno
O curativo de colágeno normalmente é preparado por processos de moldagem e liofilização, e depois diferentes formas ou dimensões podem ser criadas usando moldes específicos. O curativo de folha de colágeno pode ser usado como cobertura temporária ou permanente para feridas superficiais relacionadas a lesões epidérmicas ou dérmicas. Durante a cicatrização da ferida, a capacidade de crescimento celular dentro de um curativo de colágeno depende do tamanho dos poros e da porosidade de sua estrutura fibrosa. O curativo de folha de colágeno é adequado para queimaduras, úlceras e feridas cirúrgicas, pois revela rápida epitelização e crescimento de tecido fibroso denso nas camadas subdérmicas.
2/ Curativo de partículas de colágeno
O curativo de partículas de colágeno pode ser espalhado suficientemente para cobrir a superfície da ferida, especialmente em situações irregulares, como feridas em túnel. Mais importante ainda, o curativo de partículas de colágeno pode ser misturado com solução salina normal para fazer uma pasta ou solução que seja mais fácil de aplicar na ferida.
3/ Curativo de plugue de colágeno
Além do manejo de feridas superficiais, o curativo de colágeno também é amplamente utilizado na odontologia. Recentemente, a preservação do alvéolo tem sido uma estratégia eficaz para manter o volume ósseo após a extração dentária. O curativo de plugue de colágeno é uma matriz de colágeno em formato cilíndrico para se ajustar ao alvéolo de extração, proporcionando um suporte para o crescimento de células periosteais, sendo adequado para aplicações em engenharia de tecidos ósseos.
4/ Curativo de gel de colágeno
Os materiais em forma de gel tornaram-se mais importantes no manejo de feridas devido ao seu alto teor de água e excelente adesão tecidual. Além disso, os materiais em forma de gel são mais fáceis de incorporar componentes ativos, como agentes antibacterianos, em comparação com curativos em formato de folha ou esponja. De acordo com pesquisas recentes, o curativo de gel de colágeno é composto de colágeno puro, misturas de colágeno com polímeros naturais e/ou sintéticos, ou misturas de colágeno com bioativos, sendo necessário para um melhor manejo de feridas cutâneas devido à diversidade de tipos de feridas e à complexidade ambiental.
Os 5 principais benefícios do uso de curativo de colágeno para feridas crônicas
- O colágeno é uma das proteínas mais abundantes no corpo dos vertebrados;
- O colágeno é quimiotático para elementos celulares da cicatrização, como granulócitos e fibroblastos;
- O curativo de colágeno pode ser formado como uma estrutura tridimensional com diferentes especificações para distintos tipos de feridas;
- O curativo de colágeno é uma matriz porosa, favorável à adesão, migração e proliferação celular;
- O curativo de colágeno serve como um substrato ideal para promover a maturação da ferida ao se alinhar com o leito da ferida nativo, melhorando a qualidade da cicatrização.
Quanto tempo leva para o curativo de colágeno promover a cicatrização?
A cicatrização da ferida pode ser dividida em uma sequência de quatro fases dependentes do tempo, incluindo:
- Coagulação e hemostasia, imediatamente após a lesão;
- Inflamação, que começa logo em seguida;
- Proliferação, que se inicia dentro de dias após a lesão;
- Remodelação da Ferida, onde ocorre a formação do tecido cicatricial, podendo durar até um ano ou mais.
O curativo de colágeno serve como um substrato ideal para promover a maturação da ferida ao alinhar-se com o leito da ferida nativo. Ou seja, o curativo de colágeno será eficaz em encurtar o tempo na fase de remodelação da ferida e, assim, melhorar a qualidade da cicatrização.
O curativo de colágeno pode ser usado em feridas infectadas?
Em feridas infectadas, a resposta inflamatória ainda está em um nível relativamente alto, e as células inflamatórias secretam vários tipos de enzimas, como as metaloproteases de matriz (MMP), que podem degradar o colágeno no local. Portanto, o curativo de colágeno não é recomendado para ser usado em feridas infectadas.
Com que frequência devo trocar o curativo de colágeno?
O ciclo de tratamento dependerá do progresso da cicatrização da ferida. O colágeno é um material biodegradável, portanto, não é necessário remover o curativo de colágeno após o uso. Em vez disso, à medida que o curativo de colágeno original se degrada, basta substituir por um novo quando necessário.
Quais fatores devem ser considerados ao determinar a frequência de troca do curativo de colágeno?
O curativo de colágeno tem a capacidade de sustentar o processo de cicatrização, mantendo o ambiente úmido ao redor da ferida, além de absorver o exsudato. Portanto, um novo curativo deve ser aplicado se ainda houver uma grande quantidade de exsudato ou se o curativo de colágeno tiver sido completamente absorvido.
Melhor desempenho de absorção: Curativo de hidrogel de colágeno e curativo de colágeno com alginato
O alginato é um dos materiais avançados de curativos, que possui propriedades antibacterianas significativas e pode absorver muitas vezes o seu próprio peso em exsudato. Além disso, o material de alginato também tem propriedades hemostáticas, mas é recomendado para o controle de sangramentos menores (por exemplo, em feridas pós-desbridamento). Ou seja, o material de alginato não será adequado para o tratamento de sangramentos mais intensos.
Por outro lado, o curativo de colágeno não é apenas um importante ativador da adesão plaquetária após sangramentos mais intensos, mas também serve como um substrato ideal para promover a maturação da ferida, alinhando-se com o leito da ferida nativo. Portanto, o curativo de colágeno combinado com alginato pode proporcionar o suporte estrutural do colágeno e as propriedades formadoras de gel do alginato, tornando-se mais eficaz no manejo de feridas.
O que é o curativo de colágeno bovino?
Os curativos de colágeno são feitos de colágeno obtido de várias fontes, como bovinos, suínos, marinhos, equinos, sendo que os bovinos e suínos estão entre os mais comuns. Há uma alta demanda por curativos de colágeno bovino em vez de suínos devido a certas crenças religiosas. O colágeno bovino apresenta baixa imunogenicidade e características positivas, com resposta imune limitada.
O curativo de colágeno bovino pode ser usado em pacientes com alergias a produtos de origem animal?
O colágeno derivado de tecido animal é biocompatível e seguro para uso clínico após a remoção do telopeptídeo, que representa um risco potencial de resposta imunológica. No entanto, ainda não é recomendado o uso de curativos de colágeno feitos de fontes animais em pacientes com histórico grave de alergias ou hipersensibilidade a produtos derivados de animais, como bovinos ou suínos.
Existem efeitos colaterais ou riscos associados ao uso de curativo de colágeno?
Os produtos biomédicos à base de colágeno estão disponíveis em formas de suportes, hemostáticos, enxertos de pele e curativos de feridas. A biocompatibilidade, o baixo risco de infecção e a baixa imunogenicidade são fortes argumentos a favor do uso de curativos de colágeno no manejo de feridas.
Como escolher o melhor curativo de colágeno?
O melhor curativo de colágeno deve atender aos seguintes requisitos:
- Não alérgico, não sensibilizante:
O curativo de colágeno é majoritariamente preparado a partir de fontes animais. Portanto, a verificação científica, como a remoção do telopeptídeo e a inativação de vírus durante o desenvolvimento do curativo de colágeno, será crítica para a segurança no uso clínico. - Altamente hemostático e com microambiente úmido:
Uma das características mais importantes do curativo de colágeno é a excelente propriedade hemostática, contribuída pela adesão plaquetária e absorção de exsudato após sangramentos mais intensos. Portanto, a porosidade do curativo de colágeno será um índice crítico para a propriedade hemostática. Em geral, uma porosidade superior a 80% e uma taxa de absorção de exsudato superior a 20 vezes o seu próprio peso serão mais adequadas para o uso clínico.
Quais são as contraindicações para o curativo de colágeno?
Não há praticamente nenhuma contraindicação para o uso de curativos de colágeno. No entanto, não utilize curativos de colágeno em feridas infectadas ou em pacientes com histórico grave de alergia ou hipersensibilidade a produtos de origem animal.
Como o curativo de colágeno se compara a outros produtos de cuidado de feridas em termos de relação custo-eficácia e resultados dos pacientes?
Diversos ensaios clínicos foram realizados para verificar a eficácia dos curativos de colágeno. Eles desempenham um papel notável no tratamento de feridas como queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, úlceras diabéticas nos pés, escaras, feridas cirúrgicas, entre outras. Em um estudo comparativo entre o tratamento com folha de colágeno e curativo com heparina em queimaduras de segundo grau, concluiu-se que o grupo tratado com colágeno apresentou melhores resultados em termos de tolerância ao curativo e relação custo-benefício. Outro estudo comparativo entre curativo de colágeno e gaze de parafina com 20 pacientes adultos que necessitaram de 40 cm² de pele, realizado por Sreekumar et al., revelou que o grupo tratado com curativo de colágeno teve menos dor e foi observada maior epitelização de colágeno no 10º dia, em comparação com a gaze de parafina.
Ref. 2: Bovine Based Collagen Dressings in Wound Care Management. Journal of Pharmaceutical Research International 2020;32(33):48-63.
